terça-feira, 31 de agosto de 2010
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Um blog que fala sobre os trailers de cinema, enquadrando-os às teorias de comunicação.
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domingo, 15 de agosto de 2010
O "branqueamento" da caixa preta e as novas mídias
No atual momento da mercantilização avançada no mundo do capitalismo em que vivemos, temos constantemente a sensação de que tudo que é produzido parece ser a repetição de algo já produzido anteriormente.
O ciclo de criação parece se repetir constantemente dentro da história da arte.
Isso ocorre por conta do avanço tecnológico e a inversão dos valores atribuídos às máquinas. Criadas primeiramente com a intenção de ser uma extensão do corpo e das funções humanas, as máquinas passaram a agir de modo programado por um determinado sistema e a limitar a criação dentro desse, transformando-se em modelo para os valores humanos.
Diante dessa situação, Vilém Flusser vai caracterizar os aparelhos como caixas pretas, das quais não temos controle e nem conhecimento de seu funcionamento, e que limitam a informação que podem reproduzir sempre a algo previsto.
O papel de uma filosofia da fotografia proposta por ele se caracterizaria por um “branqueamento” dessa caixa preta, com um domínio maior sobre seu funcionamento e, consequentemente, uma liberdade maior de criação de algo novo.
Ainda segundo Flusser, “liberdade é jogar contra o aparelho. E isto é possível”. De tal modo, é preciso ter conhecimento desse fato e desenvolver técnicas de “branqueamento” dessa caixa preta para a produção inovadora de informação, quebrando-se esse ciclo repetitivo e constante na produção artística atualmente.
Tendo isso em vista, podemos destacar algumas ideias inovadoras na produção contemporânea. Seguindo essa linha do “branqueamento” da caixa preta, podemos ver novas tecnologias surgindo, como por exemplo, o cinema chamado de 4D. A interatividade proporcionada por ele vai além da imagem e do som da sala. Sensações físicas, como os cheiros, fumaça e até água, despejados sob o espectador, causam uma reação muito diferente da que um cinema tradicional causaria.
Do mesmo modo que podemos destacar tentativas de quebra dessa lógica prevista pelas máquinas, também é possível destacar o impacto que novas tecnologias causam quando acabam por simplesmente incorporar técnicas de outras fontes de informação.
Recentemente podemos acompanhar as transmissões dos jogos da copa do mundo de futebol, realizada na África do Sul pela FIFA e perceber que algumas imagens geradas para a transmissão eram comuns apenas no vídeo-game. Durante a transmissão de jogos, pôde-se notar uma câmera que ficava presa em cabos de aço sob o gramado e se movimentava de acordo com o desejo de um operador. A geração dessa imagem, impensável antes disso, era apenas vista na criação do vídeo-game, como é possível conferir na imagem a seguir e neste vídeo:
Portanto, é possível notar que, tanto as criações inovadoras quanto aquelas que simplesmente incorporam as funcionalidades de outras mídias, ganham o mesmo espaço e um grande impacto no receptor.
O cinema 3D também pode ser descrito como inovador nesse sentido, por recriar a reprodução da imagem frequentemente vista apenas em 2D. Porém, tanto o cinema 3D quanto o 4D acabam por se tornar parte desse ciclo repetitivo de criação em algum ponto.
Dentro da chamada Indústria Cultural, termo criado por Theodor Adorno, tudo é mercadoria. Toda a produção cultural passa a fazer parte de uma indústria em que o importante não é a informação passada e sim o lucro que ela gera.
De tal forma, é possível realmente crer em uma “luta” contra o sistema e um “branqueamento” dessa caixa preta limitadora da criação, porém, logo que se caracterizem como inovadoras e transgressoras, essas técnicas passarão a ser repetidas outras vezes e incorporadas pela práxis mercantil, e assim, criando apenas mais um ciclo de reprodução de informação.