domingo, 5 de setembro de 2010

Um avanço visual e... só.

À primeira vista, o filme “Nosso Lar” não parece ser uma produção nacional. O trailer do filme sobre espiritismo, repleto de cenas com efeitos especiais e computação gráfica, parece mais uma grande produção norte-americana, a não ser pelos diálogos em português, como pode ser visto clicando aqui. As cenas que contam com esses grandes efeitos especiais foram tratadas no Canadá.

“Nosso Lar” é baseado em uma obra de Chico Xavier e conta a história de um médico chamado André Luiz (Renato Prieto), desde o momento de sua morte, até sua transição em etapas para o mundo espiritual e sua compreensão de toda essa passagem. André Luiz é quem narra o filme e o livro original, psicografado por Chico Xavier e que se tornou um best-seller da literatura espírita, vendendo mais de dois milhões de cópias.

O longa-metragem dirigido por Wagner de Assis estreou nessa última sexta-feira (03/09) nos cinemas e foi orçado em aproximadamente 20 milhões de reais. Com esse orçamento, o filme passa a ser uma das produções mais caras na história do cinema nacional.

O filme desperta muito o interesse do público, primeiramente por suas belas imagens já divulgadas no trailer do filme, mas também por ser o segundo filme brasileiro em pouco tempo que trata da temática espírita. Seu antecessor é o filme intitulado apenas como “Chico Xavier”.

Ao ser projetado para o espectador, porém, não traz a mesma riqueza que a de “Chico Xavier”.

No filme anterior, podemos ver diálogos bem desenvolvidos e uma trama muito bem colocada, tendo como “fio-condutor” uma entrevista dada por Chico Xavier para a televisão.

Nessa nova experiência, no entanto, o espectador se depara com demasiados efeitos especiais (que em certo ponto lembram cenas de jogos de vídeo-game) e que parecem gratuitos. Eles parecem estar lá, em determinados momentos da trama, simplesmente para encantar o espectador, não tendo uma função narrativa definida. Mas se os efeitos especiais tão esperados na produção brasileira decepcionam em alguns momentos, não significam nada quando comparados aos diálogos dos personagens. Diálogos rasos e extremamente artificiais tomam conta da trama de seu momento inicial até a cena final, o que chega a irritar o espectador. Alguns atores se esforçam para fazerem suas falas se tornarem mais verossímeis, mas a tentativa é vã.

O curioso (e decepcionante) é que a única personagem que consegue parecer uma pessoa real é Dona Amélia, interpretada por Aracy Cardoso. Ela participa de apenas duas cenas curtas durante os 102 minutos de projeção.

Se “Chico Xavier” chamou a atenção do público em geral, não apenas os seguidores do espiritismo, de uma forma positiva, “Nosso Lar” deixa muito a desejar como filme, e as comparações entre os filmes são inevitáveis.

Apesar de algumas cenas realmente chamarem a atenção do público por serem muito bem trabalhadas (como as chocantes cenas do Umbral, por exemplo), a trama peca por trazer uma história tão interessante com alguns efeitos especiais exagerados e fracas atuações. Enquanto parece significar simplesmente um avanço visual nas produções cinematográficas nacionais, traz também um retrocesso no aspecto narrativo.

O filme vale como uma experiência interessante para os seguidores da doutrina espírita e que não puderam ainda ter acesso ao livro original, mas para o público geral, deixa muito a desejar.

Para maiores informações, acesse o site do filme clicando aqui.

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